Bando Anunciador Entre o Sagrado e o Profano!

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Feira de Santana, minha Feira, tem um batuque no coração que anuncia a festa bem antes dela chegar! É o Bando Anunciador, meu rei, uma manifestação cultural que brota do nosso povo e faz um rebuliço danado nas ruas, dizendo: “Ó, a Festa de Senhora Santana tá batendo na porta!” É em julho, visse? E antes da parte religiosa, tem essa balbúrdia boa que mistura história, farra e uma alegria que não tem igual. Gente de toda idade e canto se joga nessa folia, sem frescura e com muito axé.

A Bahia Ginga no Bando: Tradição e Alegria Sem Fim!

O Bando é pura ginga baiana: irreverência que contagia e uma alegria que parece não ter fim. É um desfile de fantasias que mais parece um arco-íris ambulante, com o batuque de bandas e fanfarras botando pra ferver. Marchinhas e canções que a gente sabe de cor ecoam pelo centro histórico, transformando tudo numa pipoca de gente feliz. E o mais massa é que, mesmo sendo pra anunciar a festa da padroeira, a fé aqui se mostra de um jeito “nada ortodoxo”, bem nosso, sabe? Mistura tudo, sem preconceito, e se joga na diversão que é a cara de Feira.

Entre o Sagrado e o Profano: A Magia de um Entremeio

Esse Bando é um bicho doido e maravilhoso, que vive naquele meio termo entre o que é sagrado e o que é profano. Essa característica é o tempero da coisa, é o que faz a história e a evolução dele serem tão especiais. É como se fosse uma ponte, um respiro da vida normal antes da solene Festa de Santana. E essa condição de “entre-lugares” dá uma liberdade pra cultura popular que é um negócio de louco! Aqui a galera se solta, se desinibe, bota pra fora o que não daria pra mostrar na parte mais “séria” da festa religiosa. A irreverência e a alegria não são só detalhes, são o resultado dessa liberdade que o Bando dá, onde a comunidade pode, junta e misturada, largar a vida cotidiana e abraçar um espírito de festa, às vezes até meio “transgressor”, antes de se conectar com o sagrado. Essa capacidade de se adaptar, de absorver coisas novas e de espelhar o espírito da gente que tá sempre mudando, é o que faz o Bando durar tanto e ser tão vivo.

As Raízes da Folia: Como Tudo Começou Lá Atrás

A raiz desse Bando é lááá no século XIX, tipo uns 1860, meu irmão. A ideia era simples: não tinha zap, não tinha rádio, então a turma saía na rua pra avisar que a Festa de Senhora Sant’Anna tava chegando. Dizem que até os portugueses já faziam isso, visse? No começo, era uma galera de homem, os “homens livres a cavalo”, que rodavam as ruas principais, uns até mascarados, soltando fogos e berrando que a festa ia começar. Era um retrato da época, só tinha homem, a mulherada ficava de fora.

Mas aí o século XX virou, e as coisas foram mudando. As mulheres começaram a entrar na roda, e o anúncio passou a ser a pé. Mas, vejam só, o rolê ficou meio “elitista” nessa fase, dificultando a vida dos mais humildes. Mesmo com as mulheres no pedaço, a festa ainda não era pra todo mundo, sabe? O “caráter elitista” significa que, mesmo podendo ir, o jeito de participar, as roupas, os encontros, ou até o dindim pra se jogar de vez, podiam pesar pra galera sem grana. Mostra que até as tradições que parecem “do povo” podem ser influenciadas pela grana e pela diferença de classe, não só pela cultura. Lá pela década de 1940, até umas pitadas de religiões africanas começaram a aparecer, deixando a festa ainda mais rica e misturada.

Com o passar do tempo, o Bando foi se transformando ainda mais. No meio do século XX, a parte “profana” foi ganhando da religiosa. A festa ficou mais povão, com a galera simples e as músicas mais debochadas tomando conta. Até a data mudou: de dois meses antes, passou pra uma semana. E o que era organizado pela própria comunidade, com vaquinha e tudo, em 1979 começou a receber uma ajuda da prefeitura. Aí o povo se jogou de vez!

No início, o Bando saía cedinho, tipo 5 da manhã, no primeiro domingo de janeiro. Uma multidão desfilava pelas ruas do centro com as bandinhas de sopro, com maestros como Miro e Braga comandando o som. No bairro Olhos D’Água, a família Belmonte era o coração da organização, juntando a vizinhança toda. Na noite anterior, o sábado, o lugar escolhido no bairro virava uma festa, cheio de luzes coloridas e bandeirinhas. Ninguém dormia! A moçada e os mais velhos ficavam batendo papo, esperando o desfile sair. A procissão, mesmo na brincadeira, mantinha o respeito pela padroeira, e muitas vezes tocava o hino de Senhora Santana.

A evolução do Bando mostra que ele não era só pra avisar, virou uma expressão cultural cheia de camadas, que se adapta e reflete as mudanças da sociedade. No começo, a necessidade de avisar a festa religiosa era gritante, afinal, os “recursos de comunicação eram limitados”. Mas, com a chegada da tecnologia, a função de “anúncio” foi diminuindo. Mas a festa não acabou, pelo contrário! Cresceu, a galera se jogou mais e os elementos “profanos” ficaram mais fortes. Isso mostra que o objetivo dele mudou, de uma coisa prática virou um ritual cultural que a gente valoriza demais. Não é mais sobre o que ele anunciava, mas como anunciava – uma explosão de identidade, alegria e até crítica social. A mudança de “cavaleiros da elite” pra gente a pé, incluindo mulheres e, depois, a dominância das “classes populares”, mostra que virou um evento cultural de verdade, popular e inclusivo, que foi muito além da sua função original. Essa capacidade de se adaptar e de evoluir fez o Bando sobreviver e crescer, mesmo quando sua utilidade inicial ficou pra trás, mostrando como a cultura popular é viva e capaz de se reinventar, absorver novos significados e continuar importante ao longo das gerações.


Ano/Período Evento/Característica Principal
Século XIX Origem e propósito inicial: divulgação da Festa de Santana.
1860 Data mais precisa para o início da tradição.
Século XIX Composição predominante: homens livres a cavalo, sem participação feminina.
Início Séc. XX Inclusão de mulheres, cortejo a pé; surgimento de caráter elitista.
Década de 1940 Evidências de participação de elementos de religiões afro-brasileiras.
Meados Séc. XX Bando desfila uma semana antes da festa principal; dimensão profana suplantando a religiosa.
1979 Início do financiamento pela Prefeitura Municipal; intensificação do caráter profano.
Anos 1980 Crescimento da dimensão profana e elementos de contestação social; insatisfação da Igreja.
1987-1988 Extinção pela Igreja Católica (Dom Silvério Albuquerque); retorno da festa para julho.
2007/2009 Retomada pelo Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA/UEFS) com apoio da Igreja.
2022 Reconhecimento oficial como Patrimônio Cultural (Lei nº 4.089, de 27 de junho).
2023 Retorno com força total pós-pandemia, reunindo cerca de 40.000 participantes.
2024 Desafios organizacionais e ausência de apoio municipal geram preocupação.

A Ressurreição do Bando: Do Sufoco ao Renascimento Glorioso

Na segunda metade do século XX, o Bando foi ficando mais diverso e começou a ter uns toques de “contestação política e social”. A parte “profana” da festa cresceu tanto que ofuscou a religiosa, e isso não agradou muita gente, inclusive a Igreja Católica. Som alto perto das igrejas, aumento de confusão e a estrutura da festa não aguentando a quantidade de gente: tudo isso foi azedando o caldo. A Igreja dizia que a festa tinha “se descaracterizado” e tava afastando os fiéis.

Essa insatisfação virou uma decisão radical entre 1987 e 1988. O Bispo Dom Silvério Albuquerque, com o apoio de um movimento de “volta às origens” católico, decretou o fim de tudo que era “profano” na Festa de Santana, incluindo o Bando Anunciador, a “Levagem da Lenha” e a “Lavagem da Igreja”. Pra deixar claro que não era brincadeira, o bispo meteu a Festa de Santana de volta pro mês original dela, julho, como era lá no século XIX.

O fim do Bando pela Igreja nos anos 80 mostra uma briga feia pelo controle da cultura. As instituições religiosas tradicionais tentaram botar a mão nas expressões populares que tinham voado longe demais. Esse conflito não era só sobre a “profanidade”; era, no fundo, sobre quem mandava na história e no espaço público. À medida que o Bando virava mais “popular”, “irreverente” e um palco pra “contestação política e social”, ele ganhava uma autonomia que desafiava a Igreja, que era quem dava as cartas nas festas sagradas. Pra Igreja, a “descaracterização” era perder o controle do significado e talvez até uma ameaça à sua autoridade em uma cidade que mudava rápido. Mudar a Festa de Santana de volta pra julho foi uma jogada pra ter um espaço religioso “puro”, sem os “excessos” do Bando. No fim das contas, o Bando tinha virado uma força popular poderosa e independente demais, precisando de uma intervenção direta pra botar ordem na casa.

Mesmo com o povo todo querendo o Bando de volta, a tradição, depois de uns 127 anos, parou em 1988. E é bom lembrar que não foi só a Igreja que não queria; teve gente da “sociedade” que também criticava os exageros, mostrando que a coisa era mais complexa e faltou apoio em geral.

O Bando ficou sumido por quase vinte anos. Mas a volta triunfal começou em 2007 ou 2009, pelas mãos do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). E a galera só conseguiu porque uma liderança da Igreja Católica, mais aberta, deu um empurrãozinho, e agora ajuda a garantir que o Bando chegue até a Praça da Matriz. A visão do CUCA para o Bando é que ele seja uma festa da cultura popular e um palco importante pra discutir o passado e o futuro cultural de Feira de Santana.

O sucesso da volta do Bando, impulsionado pelo CUCA e com o apoio de uma liderança da Igreja mais de boa com a cultura, mostra a força das expressões populares que estão bem enraizadas e como parcerias entre várias instituições podem salvar a cultura. A volta do Bando não é só um recomeço, é uma nova negociação do seu lugar e propósito. O CUCA mudou a conversa de uma briga entre sagrado e profano para uma história de “preservação cultural” e um “mote para discussões sobre a cultura em Feira de Santana”. Essa pegada acadêmica e cultural dá uma nova estrutura, legítima, pro Bando existir, e até uma Igreja “mais sensível” pode topar, já que se alinha com movimentos de preservação do patrimônio cultural. A sobrevivência do Bando, mesmo depois de ter sido extinto, mostra o quanto ele estava fincado na comunidade; não era só um evento, mas parte da identidade de Feira de Santana, por isso a falta dele foi tão sentida e a volta, inevitável, uma vez que uma nova forma de colaboração foi encontrada.

 

 

O Bando Hoje: Uma Explosão de Cores, Sons e Alegria que Invade a Rua!

Hoje, o Bando Anunciador é uma das “tradições mais coloridas e vibrantes” de Feira de Santana, meu amigo! Um espetáculo que bota a cidade pra cima e abre oficialmente os festejos de Senhora Santana. Atrai uma multidão da p***, com edições recentes juntando uns 40 mil cabeças e a expectativa é só aumentar. Cresceu tanto que tem gente que brinca dizendo que é “uma segunda micareta”, e a comparação faz sentido, tamanha a escala e o clima de carnaval. Uma infinidade de grupos se junta pra “colorir, dançar, protestar e celebrar”, mostrando que o Bando virou um palco pra todo tipo de expressão.

Comparar o Bando com uma “micareta” é mais que uma descrição; mostra como ele se adaptou bem, se integrando e aproveitando as festas populares brasileiras de hoje, expandindo muito seu apelo e tamanho além do propósito original. Essa comparação sugere que o Bando pegou e reinterpretou elementos importantes do carnaval moderno – a participação em massa, os desfiles vibrantes na rua, as fantasias variadas e muitas vezes “transgressoras”, e o foco principal na alegria sem limites e na irreverência. Essa adaptação é vital pra ele continuar relevante e atrair uma multidão (mais de 40.000 participantes), superando em muito o que um simples anúncio religioso atrairia. Quer dizer que o Bando não é uma tradição parada no tempo, mas uma entidade cultural dinâmica, capaz de evoluir pra atender aos desejos contemporâneos de festa e expressão coletiva. Virou um grande evento urbano por si só, uma “festa” que antecede outra “festa”.

O Bando é feito de “levas de populares”, muitos deles vestindo “fantasias (nos mais diversos estilos e temáticas)”. Tem mascarado, colombina, homem de saia, camisa de time, palhaço, forrozeiro… uma bagunça linda de personagens! Junto, as bandas e fanfarras, com sons que se espalham pelas ruas com marchinhas tradicionais e canções populares, tudo embalado na irreverência e alegria que são a marca registrada do Bando.

O cortejo de hoje geralmente começa a concentração cedinho, às 6 da manhã, na Praça da Matriz ou em frente ao CUCA. Dali, o desfile serpenteia pelo centro, passando pela Conselheiro Franco, Praça da Igreja Matriz, Sales Barbosa, Beco do Mocó e Avenida Senhor dos Passos, e muitas vezes termina na Praça do Nordestino ou no Mercado de Arte Popular. Mudanças recentes no percurso mostram que a gente tá sempre buscando inovar e envolver mais a comunidade. A festa geralmente vai até o começo da tarde, lá pelas 13h.

A descrição dos participantes que se juntam não só pra “colorir” e “dançar”, mas também pra “protestar e celebrar”, mostra que o Bando virou mais que uma simples festa. É um espaço dinâmico pra expressão social, cultural e até política dentro da comunidade. Incluir “protestar” nas atividades festivas sugere uma função social mais profunda. Quer dizer que o Bando, embora seja uma celebração, também funciona como um espaço cívico importante para o debate público, a crítica social e até a discordância. Seu formato aberto, popular e muitas vezes irreverente, junto com seu apelo em massa, naturalmente se presta a ser usado por vários grupos pra expressar suas preocupações ou identidades. Essa é uma evolução natural para um evento “profano” que atrai grandes multidões e está bem fincado na cultura popular, refletindo as preocupações e as vozes diversas da comunidade. Isso adiciona uma camada significativa ao seu “significado social” além do simples entretenimento ou tradição.


Aspecto Descrição
Propósito Atual Abertura dos festejos religiosos de Senhora Santana; celebração cultural e social da identidade feirense.
Data/Horário Típico Domingo de Julho, das 6h às 13h.
Ponto de Concentração Em frente ao CUCA (Rua Conselheiro Franco, nº 66) ou Praça da Matriz.
Percurso Principal (Exemplos) Rua Conselheiro Franco, Av. Senhor dos Passos, Praça do Nordestino/Mercado de Arte Popular, Praça da Matriz.
Público Estimado Mais de 40.000 pessoas (expectativa de superação).
Elementos Visuais e Sonoros Característicos Multidão fantasiada (diversos estilos), bandas, fanfarras, marchinhas, canções populares.
Espírito Dominante Irreverência, alegria, protesto.
Organização Principal CUCA/UEFS (coordenação) com colaboração de órgãos municipais e sociedade civil.
Reconhecimento Oficial Patrimônio Cultural da cidade (Lei nº 4.089/2022).

Patrimônio Vivo: A Cara de Feira de Santana no Bando

O Bando Anunciador é um tesouro cultural gigante, ligado na alma de Feira de Santana e à nossa amada Festa de Santana. Ele é um “pilar da memória e do patrimônio cultural da cidade”, um fio vibrante que conecta a galera de hoje com o passado e as tradições que a gente compartilha.

Sua importância é tanta que virou lei, meu camarada! A Lei nº 4.089, de 27 de junho de 2022, declarou o Bando oficialmente patrimônio cultural de Feira de Santana. Essa lei não só garante o lugar dele no nosso calendário, mas também o apoio essencial pra ele acontecer, assegurando que continue sendo uma expressão viva da nossa identidade feirense. O reconhecimento oficial do Bando como patrimônio cultural marca uma mudança grande: de uma prática popular que já foi sufocada, para um bem cultural protegido por lei. Essa institucionalização dá uma segurança e garante apoio futuro, evitando, em tese, que o que aconteceu em 1988 se repita. Significa que o Bando deixou de ser “profano” aos olhos do estado e agora é visto como algo valioso e essencial pra identidade da cidade, que merece investimento público e preservação. Isso também reflete uma tendência maior da sociedade de valorizar e proteger o patrimônio cultural imaterial, reconhecendo que a identidade de uma cidade está ligada às suas tradições vivas. A lei não só protege o evento, mas exige que ele continue acontecendo, passando a responsabilidade da iniciativa popular para um dever público compartilhado, colocando-o de vez no tecido cultural oficial da cidade.

O Bando faz um papelão na união da galera, principalmente porque consegue juntar gente de “todas as classes”. Ele oferece uma cultura que é de todo mundo, fortalecendo o sentimento de pertencimento e orgulho da comunidade. Além de ser festa, ele traz a música e o “universo do sertão” pra cidade, criando um momento de paz e alegria pra todo mundo. A capacidade notável do Bando de juntar “todas as classes sociais” e de ser um ponto crucial de “identificação social” mostra sua capacidade única de superar as diferenças de grana e promover a identidade coletiva em uma cidade que cresce rápido. Em Feira de Santana, que passou por uma “rápida evolução urbana” e uma complexidade social crescente, manter a união e o sentimento de identidade pode ser um desafio. O Bando funciona como um ritual anual que reafirma a identidade coletiva e oferece uma experiência compartilhada que preenche as lacunas socioeconômicas. Diferente de eventos mais exclusivos ou restritos, sua natureza aberta, na rua e super participativa permite um grande envolvimento de todas as camadas da sociedade. Isso sugere que o Bando é uma “cola social” vital, lembrando os moradores de sua herança e promovendo um senso de orgulho e pertencimento à comunidade, o que é especialmente importante no contexto do desenvolvimento urbano e da possível fragmentação social. Ele oferece um momento em que a cidade pode respirar, celebrar e reafirmar coletivamente seu caráter único.

Além do seu valor cultural, o Bando Anunciador bota pra ferver a economia local e o turismo cultural. Ele é importante pra preservar e divulgar nossa cultura, dando espaço pra artistas e grupos se mostrarem. Ao atrair visitantes, ele esquenta a economia, criando um efeito dominó positivo. O evento também serve como um palco pra educação do nosso patrimônio, envolvendo a moçada nas tradições da cidade, principalmente com parcerias com a UEFS. O projeto “Memorial Fotográfico”, que quer guardar a memória do Bando em fotos, é um exemplo desses esforços.

Desafios e o Futuro: Mantendo a Chama da Tradição Acesa

Apesar de ser reconhecido e ter um significado cultural gigante, o Bando Anunciador ainda enfrenta uns perrengues na organização. Em 2024, o vereador Jhonatas Monteiro tocou o alarme na Câmara Municipal, dizendo que o evento tava “sob ameaça” por causa da “ausência de representantes da Prefeitura na organização”. Essa falta de interesse do município ficou clara na ausência de funcionários da prefeitura em reuniões importantes do CUCA/UEFS.

As críticas foram específicas: não confirmaram o trajeto oficial e não garantiram a segurança necessária na semana do evento. Um exemplo gritante da falta de apoio foi a “ordem expressa do prefeito” de liberar apenas 11 banheiros químicos pra um evento que esperava mais de 40 mil pessoas, mesmo com verbas parlamentares destinadas a uma infraestrutura adequada. Isso mostra uma bagunça preocupante entre o que a lei diz e o que a prefeitura faz, colocando em risco a segurança e o conforto da galera.

Apesar de ser reconhecido oficialmente como patrimônio cultural, o Bando Anunciador continua refém da vontade política e das falhas administrativas do governo local. Isso mostra que a proteção legal por si só não basta sem o apoio consistente e ativo do poder executivo. A “ameaça” revela que o patrimônio cultural, mesmo com lei, ainda é muito suscetível aos caprichos das prioridades políticas, da eficiência administrativa e da liberação real de recursos. As críticas sobre poucos banheiros, rotas não confirmadas e falta de segurança apontam para falhas críticas no apoio operacional, que são essenciais para um evento público de massa. Isso sugere que a “garantia” de apoio na lei é tão forte quanto a vontade política da administração atual de colocá-la em prática. O futuro do Bando, apesar do seu status legal, continua dependendo de um compromisso governamental constante.

Pra o Bando rolar bonito e continuar vivo, a parceria tem que ser forte entre a UEFS (pelo CUCA), a prefeitura e os vários setores da sociedade. O apoio constante e confiável do município é fundamental pra segurança (Guarda Municipal), pro trânsito (SMT), pros serviços básicos (como saneamento adequado) e pra divulgação geral do evento (Secom).

O crescimento absurdo do Bando, que agora atrai dezenas de milhares e é comparado a uma “micareta”, traz um desafio complexo: como organizar tudo e garantir a segurança pública sem estragar a “irreverência e alegria” que são a essência dele e o espírito tradicional? A diretora do CUCA, Selma Oliveira, bate na tecla que é preciso ter um cuidado especial pra manter a tradição e, ao mesmo tempo, estimular a participação dos grupos. O sucesso e o crescimento do Bando, apesar de serem bons, trazem um dilema. Como manter a espontaneidade, a “irreverência” e o “folclore” de uma tradição popular quando ela vira um evento urbano gigante e super organizado? A necessidade crescente de “segurança”, “fiscalização e ordenamento do trânsito” e de serviços públicos (como banheiros suficientes) pode, se for demais, sufocar a espontaneidade, a apropriação popular e a liberdade de expressão que definem o Bando. O desafio é achar um equilíbrio onde a infraestrutura e a segurança necessárias sejam oferecidas sem transformar o evento em algo sem graça e muito controlado, que perca a sua alma. Essa é uma tensão constante pra qualquer tradição popular que cresce muito a partir das suas origens mais simples.

A Felicidade Anunciada que Não Para de Ecoar

O Bando Anunciador de Feira de Santana é a prova viva de como a nossa cultura popular é forte e cheia de ginga. Desde o começo humilde no século XIX, ele passou por transformações, foi sufocado e renasceu triunfalmente, sempre se adaptando, mas sem perder a irreverência e a alegria que são sua alma.

Hoje, como patrimônio cultural reconhecido oficialmente, ele é muito mais que um preparativo pra Festa de Santana; é uma celebração vibrante e inclusiva que une milhares de pessoas, quebrando barreiras sociais e criando um forte sentimento de identidade e pertencimento.

Apesar de enfrentar uns perrengues na organização, a paixão da galera que participa e o empenho de instituições como o CUCA mostram a importância vital dele. O Bando Anunciador continua sendo um símbolo vivo e pulsante da riqueza cultural de Feira de Santana, um constante “anúncio de felicidade” que ecoa pelas nossas ruas, celebrando o passado, abraçando o presente e marchando com fé rumo ao futuro.

E aí, tá pronto pra cair na folia do próximo Bando?

Fotos: Fábio Garvery / Arquivo

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